85 AYURVEDA – BACOPA MONIERI

 


Aiurveda[1] é o conhecimento médico desenvolvido na Índia, há cerca de 7 mil anos, o que faz dela um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade[2]. Aiurveda significa, em sânscritociência (veda) da vida (aiur). Continua a ser a medicina oficial na Índia e tem-se difundido por todo o mundo como uma técnica eficaz de medicina tradicional. No Brasil é praticada principalmente por psicólogos e fisioterapeutas, mas pode ser executada por qualquer profissional da saúde, desde que o mesmo faça um curso de especialização na área desejada e está sendo inserida no sistema público de saúde.[3]
Segundo Rocha [4] o governo indiano reconhece atualmente 6 racionalidades médicas distintas: a Medicina Ocidental ou Alopatia; Homeopatia; a Aiurveda; a Medicina Unani; a Medicina dos Siddhas (antiga medicina e alquimia indiana, praticada no sul do subcontinente, fundamentada na tradição dos siddhas, iogues que buscam a imortalidade) e a Naturopatia (medicina natural). Ainda segundo este autor que destaca também a yogaterapia como uma profissão recente na história indiana, a graduação em Aiurveda ou BAMS (Bacharel of Ayurvedic Medicine and Surgery) dura cinco anos e meio, segue-se a pós-graduação M.D. em Aiurveda ou especialização de 3 anos e o doutorado com 2 anos de duração.
A medicina aiurvédica é conhecida como a mãe da medicina, pois seus princípios e estudos foram a base para, posteriormente, o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, árabe, romana e grega. Houve um intercâmbio de informações com o Japão, que tinha a mesma necessidade dos indianos: criar uma medicina barata para atender às suas populações muito pobres e gigantescas, por essa razão existe muito da medicina japonesa nos conceitos de aiurvédica. As duas desenvolveram técnicas muito eficientes e de baixo custo para o tratamento.
A doença, para a Aiurveda, é muito mais que a manifestação de sintomas desagradáveis ou perigosos à manutenção da vida. A Aiurveda, como ciência integral, considera que a doença inicia-se muito antes de chegar à fase em que ela finalmente pode ser percebida. Assim, pequenos desequilíbrios tendem a aumentar com o passar do tempo, se não forem corrigidos, originando a enfermidade muito antes de podermos percebê-la.
Os cinco elementos e os doshas
A Aiurveda baseia-se no sistema filosófico samkhya nos cinco elementos que formam toda a manifestação material do universo.
São eles éterarfogoágua e terra. Toda a matéria que existe no universo provém destes 5 elementos, inclusive o corpo humano (que além da matéria, também é formado por buddhi - discernimentoahamkara - ego e manas - mente). De acordo com o Aiurveda, quando algum dos 5 elementos está em desequilíbrio no corpo do indivíduo, inicia-se o processo da doença.
Segundo essa tradição, os seres humanos são influenciados pelos 5 elementos através do dosha. Os doshas são Vata, regido por ar e éter, Pitta, regido por fogo e água, e Kapha, regido por terra e água. Todas as pessoas possuem os três doshas, mas em diferentes proporções. No momento da nossa concepção a nossa constituição é definida, isto é, os doshas que estão presentes em maior quantidade no nosso organismo. Ao nascermos, tal proporção está em equilíbrio (prakrti), mas com o tempo e a vida desregrada surge o desequilíbrio em um ou mais desses doshas (vikrti), contribuindo para o surgimento e desenvolvimento de doenças.
Para o indivíduo ter o corpo saudável é necessário manter seus tecidos saudáveis e isso é possível por meio da alimentação, que deve ser feita de acordo com o estado atual do paciente, ou seja, de acordo com seu dosha predominante e com os desequilíbrios que ele possa apresentar. Os tecidos que formam o corpo humano são formados a partir dos 5 elementos, que consumimos em forma de alimento. Para o Aiurveda, a saúde de uma pessoa é medida pela força de seu agni (fogo digestivo). Um "bom agni" é capaz de extrair dos alimentos ingeridos os nutrientes necessários para formar tecidos fortes; por outro lado, quando o agni está diminuído ou é irregular (menor capacidade digestiva) a nutrição dos tecidos fica mais pobre, comprometendo a saúde e a integridade estrutural do organismo. Costuma-se ouvir muito que "você é o que você come", mas podemos concluir, com o exposto, que a medicina indiana vai além: "você é o que você consegue digerir".


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